Notícias do mercado imobiliário
Multipropriedade avança no Brasil e viabiliza segundo imóvel
Comprar uma residência de luxo em locais turísticos pode ser mais acessível por meio de cotas fracionadas e gestão compartilhada
A multipropriedade imobiliária é uma modalidade relativamente recente no Brasil. Em 2018, a Lei de Multipropriedade (nº 13.777) foi assinada e regulamentou esse tipo de empreendimento no País. Assim, tornou-se possível que várias pessoas sem relacionamento familiar pudessem ser donas de um mesmo imóvel e revezar o período de uso.
“Quem não quer ter uma casa na praia ou no campo?”, questiona Fabio Godinho, CEO da MyDoor, startup especializada no modelo de multipropriedade. “Porém, as pessoas acabam se deparando com diversas dores. Os preços avançaram bastante na pandemia e nesse momento em que as pessoas tentam racionar gastos, ninguém quer gastar dois, três ou cinco milhões em um segundo imóvel”, adiciona.
A MyDoor é focada em residências de alto padrão em casas localizadas na praia, montanha ou campo em cidades do interior e litoral de São Paulo, como Riviera de São Lourenço, Juquehy e Campinas. Os imóveis são divididos em oito cotas com valores que variam de R$ 185 mil para um apartamento de 88m² em Campos do Jordão até R$ 1.900.000 em uma casa de 700 m² em Itu.
Na prática, a casa passa a ter oito donos. E cada um deles tem direito a utilizá-la por 44 dias anualmente. “Cada cotista tem direito a duas datas por ano. Normalmente eles escolhem um feriado nacional, além das oito semanas de férias escolares que existem no calendário”, explica Godinho. “As pessoas nunca utilizam o segundo imóvel o ano inteiro. Qual é o sentido de pagar 100% de um ativo, mas usar apenas alguns dias?”, justifica.
A companhia também se responsabiliza pelas manutenções entre a saída de um morador e a chegada de outro, além de oferecer serviços de hospitalidade que podem ser contratados, como empregada, cozinheiro e churrasqueiro – com custo adicional. “Também oferecemos a possibilidade de colocar o empreendimento em sites de locação temporária para os dias que você tem direito e, assim, rentabilizar o investimento.”
Tendência de moradia
Godinho conta que é comum a empresa comprar imóveis de pessoas que vão adquirir cotas da própria casa. “Dessa forma, elas se livram de despesas e dividem os custos de manutenção, o que torna o processo bem mais econômico”, garante. Entre os contrapontos, apresenta-se a falta de autonomia para usar o imóvel quando bem entender e a dificuldade de comprar novas cotas do mesmo empreendimento.
Um estudo realizado pela Metropolitan Thames Valley em parceria com a Universidade de Cambridge indicou que o encarecimento das residências está relacionado ao crescimento da demanda por propriedades compartilhadas. O levantamento realizado na Inglaterra notou que a modalidade deixou de ser apenas uma opção de férias para ser adquirida também em outros cenários.
Tanto é que a maioria das pessoas que compram sob propriedade compartilhada está na faixa etária de 20 a 40 anos e as famílias de adultos solteiros representam 50% dos compradores. Não à toa, a viabilidade do ativo e a demanda dos compradores estão impulsionando o interesse dos financiadores e até o governo local já atua com a formalização de regras para tornar a possibilidade acessível a mais pessoas.
É importante pontuar que o modelo existe na Inglaterra há mais de 50 anos, o que justifica o número aproximado de 200 mil famílias usufruindo de propriedades compartilhadas naquele país. No Brasil, por outro lado, o modelo está em fase quase embrionária, voltado prioritariamente para o mercado de segunda residência e hotéis de luxo. A próxima etapa é entender se a moda vai pegar por aqui também.
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